domingo, 30 de agosto de 2015

O leito que em tempos era o mundo, para nós

Sinto saudades. E falta. Sinto saudades e falta. Falta de ti.

Percorrer o teu corpo, respirar a tua pele, saber de cor cada sinal teu.
Tocar-te, beijar-te, amar-te, foder-te.
Inspirar a paixão que emanas, e expirar o amor que sinto por ti.

Hoje olho o leito que em tempos foi partilhado contigo
Onde nos amávamos com sofreguidão, sem regras, sem tabus.
Onde nos sentíamos infinitos.
Onde éramos um só.
Hoje olho o leito que em tempos era o mundo, para nós.

Oh
Enche-me de ti e eu encho-te de mim.
Preenche cada espaço meu.
Penetra-me de emoções, faz-me sentir viva, outra vez.
Reacende a chama que um dia ardeu em mim, incendeia-me apenas com o teu olhar.

Ama-me, 
Como se nada tivesse mudado
E eu ainda significasse tudo, para ti.

quarta-feira, 26 de agosto de 2015

Palavras sujas sobre a existência

O que fazemos nós aqui?
Sim nós, estes seres imbecis que somos
Que aqui navegam pensando que guiam as suas vidas
Quando nem sequer sabem o que são.

Somos mera carne, meros ossos,
Mero raciocínio medíocre,
Que achamos único, por nos compararmos com algo inferior.
Somos uma simples e frágil chama que se apagará um dia,
Um intervalo de vida entre dois momentos de escuridão, como alguém outrora disse.
Somos um nada e achamo-nos um tudo, mas nem sabemos o que é tudo. Não sabemos nada.

Pensamos que temos poder, mas quem nos dera a nós poder alguma coisa.
Todos nós somos o mesmo,
Todos nós fazemos da nossa vida uma obra em permanente construção,
Todos nós morremos. Todos nós nos fodemos.

Que bela é a vida, quando é vivida. Mas que raio sabemos nós sobre o que é viver?
Ninguém trouxe instruções atrás, fomos todos cuspidos para este mundo sem pedirmos para ser saliva, sem sabermos o que isso é.
Para este mundo onde nos ensinam o que é viver, apenas por terem mais anos de vida no currículo. Sabemos todos o mesmo. Ninguém sabe nada.

Enfeitamos este espaço de tempo em que temos uma vida, de momentos e recordações,
Enfeitamo-lo como se uma árvore de Natal fosse.
Mas toda a árvore de Natal tem a sua época de vida.
É aí que reside a diferença: volta a existir ano após ano
Enquanto a nós
Seres vivos e involuntários que somos,
É-nos apagada a luz da existência, para que não existamos mais.
Para que não existamos mais no nosso corpo, no mundo que dizemos ser nosso,
Para apenas existirmos em memórias.

É isso que somos amigos, somos como uma pena que cai:
O nosso nascimento é o início da queda, e o toque no chão é a nossa morte.
A nossa vida é o intervalo entre esses dois momentos, o voo descendente da pena.
Da pena leve, tal como a nossa vida o é.