quarta-feira, 26 de agosto de 2015

Palavras sujas sobre a existência

O que fazemos nós aqui?
Sim nós, estes seres imbecis que somos
Que aqui navegam pensando que guiam as suas vidas
Quando nem sequer sabem o que são.

Somos mera carne, meros ossos,
Mero raciocínio medíocre,
Que achamos único, por nos compararmos com algo inferior.
Somos uma simples e frágil chama que se apagará um dia,
Um intervalo de vida entre dois momentos de escuridão, como alguém outrora disse.
Somos um nada e achamo-nos um tudo, mas nem sabemos o que é tudo. Não sabemos nada.

Pensamos que temos poder, mas quem nos dera a nós poder alguma coisa.
Todos nós somos o mesmo,
Todos nós fazemos da nossa vida uma obra em permanente construção,
Todos nós morremos. Todos nós nos fodemos.

Que bela é a vida, quando é vivida. Mas que raio sabemos nós sobre o que é viver?
Ninguém trouxe instruções atrás, fomos todos cuspidos para este mundo sem pedirmos para ser saliva, sem sabermos o que isso é.
Para este mundo onde nos ensinam o que é viver, apenas por terem mais anos de vida no currículo. Sabemos todos o mesmo. Ninguém sabe nada.

Enfeitamos este espaço de tempo em que temos uma vida, de momentos e recordações,
Enfeitamo-lo como se uma árvore de Natal fosse.
Mas toda a árvore de Natal tem a sua época de vida.
É aí que reside a diferença: volta a existir ano após ano
Enquanto a nós
Seres vivos e involuntários que somos,
É-nos apagada a luz da existência, para que não existamos mais.
Para que não existamos mais no nosso corpo, no mundo que dizemos ser nosso,
Para apenas existirmos em memórias.

É isso que somos amigos, somos como uma pena que cai:
O nosso nascimento é o início da queda, e o toque no chão é a nossa morte.
A nossa vida é o intervalo entre esses dois momentos, o voo descendente da pena.
Da pena leve, tal como a nossa vida o é.


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