domingo, 27 de novembro de 2016

Cada letra conta e a vida é agora


Nos dias de hoje, apenas me preocupo com o que já passou e com o que está por vir.
Penso no futuro com ânsia e curiosidade,
Imaginando o que farei daqui por 10 anos,
E o que será feito de mim.
"Terei chegado a todas as metas que agora me proponho a alcançar?
Serei aquilo que sempre ambicionei para mim?"
Pergunto-me eu, sem resposta, mas com sonhos.

Quanto ao passado,
Percorro em memórias os anos que voaram de mim,
Anos que são meus mas que me foram levados pelo tempo,
Como se o contrato de arrendamento tivesse chegado ao fim.
Penso, nesses momentos, com um sorriso na cara e uma dor na alma: esses anos não voltam mais.

Afinal, porque raio anseio eu por saber o futuro e por voltar ao passado?
Há anos atrás, o meu agora presente foi o meu futuro,
E daqui a uns tempos será o meu passado.

Estou sempre fora do guião da minha vida,
A querer saber o fim da história, mas com vontade de voltar ao início.
Esquecendo-me, pois, de ler todas as palavras e todas as frases,
Esquecendo-me que cada letra conta e que a vida é agora.

sábado, 31 de outubro de 2015

Oxalá o meu coração fosse mais quente que o frio que faz lá fora

Oxalá o meu coração fosse mais quente que o frio que faz lá fora.
Afastei-me de nós, de todos, de mim.
Respiro o ar gélido da solidão matinal,
E reconheço-me nele.
Quero ser a vida de alguém,
Mas sou sozinha,
Só queria ver-me no teu olhar,
E ser feliz.
Queria não pensar na dor
E
Secar cada lágrima tua, mesmo que me tenhas feito chorar.
Amparar cada queda que a vida te faça dar, mesmo que me tenhas feito cair.

Mas a tristeza não se esquece e a alegria foi levada.

Escolhi ser só eu. E só eu sou.


sexta-feira, 25 de setembro de 2015

Pudesse eu amar-te

Vem e ama-me.
Como se estivéssemos no início.

Hoje sou a angústia e a tristeza
De que sempre juraste proteger-me.
Sou a insignificância refletida nos teus olhos.

E não te encontro no meu sorriso.

Pudesse eu amar-te,
E soubesses tu amar-me.
Fosse eu o teu ar,
E tu, a minha alegria.

Hoje és lembranças que me corroem,
Momentos enterrados,
Personificação do sonho apagado.

Sinto a tua falta.
Ainda sinto os teus braços, a tua voz, o teu perfume.
´
Mas não te quero mais.
Quero que o tempo destrua o aquilo que o passado ainda não levou.
Quero ser livre, e cortar as raízes que me cresceram em ti,




terça-feira, 1 de setembro de 2015

Complexamente simples

Quero ser o mundo.
Olhar o céu, o mar, as árvores.
Que todos os sons da natureza me invadam a alma
E me transformem.

Quero voar alto sem sair do chão, navegar oceanos em terra,
Percorrer estradas com o olhar.

Que a nostalgia e a tristeza evaporem,
Que o vento leve a mágoa e a solidão.

Quero que tudo isto me leve de mim,
Ir além do que sou.
Quero ser mais, quero ser um excesso, uma imensidão.

Dispersem-me, mas deixem-me inteira.
Invadam-me os sentidos, possuam-me de vida.
Quero ter o universo nas veias.

Só quero ser complexamente simples. Ser tudo e ao mesmo tempo nada.
Ir mais longe
Sem sair de onde estou.

domingo, 30 de agosto de 2015

O leito que em tempos era o mundo, para nós

Sinto saudades. E falta. Sinto saudades e falta. Falta de ti.

Percorrer o teu corpo, respirar a tua pele, saber de cor cada sinal teu.
Tocar-te, beijar-te, amar-te, foder-te.
Inspirar a paixão que emanas, e expirar o amor que sinto por ti.

Hoje olho o leito que em tempos foi partilhado contigo
Onde nos amávamos com sofreguidão, sem regras, sem tabus.
Onde nos sentíamos infinitos.
Onde éramos um só.
Hoje olho o leito que em tempos era o mundo, para nós.

Oh
Enche-me de ti e eu encho-te de mim.
Preenche cada espaço meu.
Penetra-me de emoções, faz-me sentir viva, outra vez.
Reacende a chama que um dia ardeu em mim, incendeia-me apenas com o teu olhar.

Ama-me, 
Como se nada tivesse mudado
E eu ainda significasse tudo, para ti.

quarta-feira, 26 de agosto de 2015

Palavras sujas sobre a existência

O que fazemos nós aqui?
Sim nós, estes seres imbecis que somos
Que aqui navegam pensando que guiam as suas vidas
Quando nem sequer sabem o que são.

Somos mera carne, meros ossos,
Mero raciocínio medíocre,
Que achamos único, por nos compararmos com algo inferior.
Somos uma simples e frágil chama que se apagará um dia,
Um intervalo de vida entre dois momentos de escuridão, como alguém outrora disse.
Somos um nada e achamo-nos um tudo, mas nem sabemos o que é tudo. Não sabemos nada.

Pensamos que temos poder, mas quem nos dera a nós poder alguma coisa.
Todos nós somos o mesmo,
Todos nós fazemos da nossa vida uma obra em permanente construção,
Todos nós morremos. Todos nós nos fodemos.

Que bela é a vida, quando é vivida. Mas que raio sabemos nós sobre o que é viver?
Ninguém trouxe instruções atrás, fomos todos cuspidos para este mundo sem pedirmos para ser saliva, sem sabermos o que isso é.
Para este mundo onde nos ensinam o que é viver, apenas por terem mais anos de vida no currículo. Sabemos todos o mesmo. Ninguém sabe nada.

Enfeitamos este espaço de tempo em que temos uma vida, de momentos e recordações,
Enfeitamo-lo como se uma árvore de Natal fosse.
Mas toda a árvore de Natal tem a sua época de vida.
É aí que reside a diferença: volta a existir ano após ano
Enquanto a nós
Seres vivos e involuntários que somos,
É-nos apagada a luz da existência, para que não existamos mais.
Para que não existamos mais no nosso corpo, no mundo que dizemos ser nosso,
Para apenas existirmos em memórias.

É isso que somos amigos, somos como uma pena que cai:
O nosso nascimento é o início da queda, e o toque no chão é a nossa morte.
A nossa vida é o intervalo entre esses dois momentos, o voo descendente da pena.
Da pena leve, tal como a nossa vida o é.


sábado, 25 de julho de 2015

Eu em mim mesma

Olho ao meu redor
E procuro encontrar nos recantos destas quatro paredes
Algo que me faça lembrar de quem sou,
Ou de quem outrora fui.

Perco-me nas paredes.
Cada recanto sou eu.

Tanto tempo gastei na procura da minha identidade,
E afinal quem sempre se escondeu de mim
Fui eu.

Apesar de não gostar do desconhecido,
Todas as noites o abracei e me deitei com ele,
Em comunhão.
Apesar de incerto, era a minha única certeza.

Estava cega de mim, embriagada pela ideia de que sempre fora uma incógnita.

No entanto,

Eu sempre estive aqui, nos recantos destas paredes infidáveis.
Eu sempre fui um universo, um mar de todas as cores.
Eu sempre fui eu, e sempre fugi de mim.